Livro e Filme: Precisamos Falar Sobre o Kevin {Lionel Shriver}

Autor: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Páginas: 464
Tradutor: Beth Vieira e Vera Ribeiro
Nota Skoob: 4/5

Filme
Lançamento: 27 de janeiro de 2012 (1h50min)
Direção: Lynne Ramsay
Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller


"Que quer dizer esse negócio de papai "amar" você e não ter uma p* de uma ideia de quem você é? Então, quem é que ele amava? Algum garoto do Happy Days, não eu."
[Kevin]



Em 8 de abril de 1999, Kevin Katchadourian matou nove pessoas e quem nos conta tudo sobre o caso é sua própria mãe, Eva Katchadourian. Em cartas reflexivas para o marido, ela descreve sua vida atual como pária após a "quinta-feira" e rememora os acontecimentos desde que conheceu o marido até o fatídico dia. Nessas cartas, ela faz reflexão de tudo o que aconteceu, procura sua culpa em todo o processo e nos descreve quem é Kevin, pelo menos em sua percepção.




Achei este livro extremamente denso e difícil de ler. Primeiro porque é difícil acreditar que existam pessoas tão horríveis quanto Kevin. Até que você se dá conta de que, sim, elas existem e a coisa se torna ainda mais pesada. Eva nos dá todos os detalhes possíveis de sua vida antes e depois de Kevin e durante todo o relato do "depois" eu me perguntava repetidamente por quê ela simplesmente não foi embora!



Quanto aos personagens, eu gostei muito de Eva por incrível que pareça! Ela é realista, sincera, prática, quer conquistar o mundo viajando (praticamente conseguiu) e filhos nunca foram uma possibilidade para si. Achei-a um personagem bastante crível e, por também não querer filhos, me identifiquei com muitas declarações dela sobre as renúncias que são necessárias para tê-los  - incluindo aí a renúncia de si mesma.

"Os filhos querem ter a certeza de que há outras coisas a fazer, coisas importantes; mais importantes, em certos momentos, que eles."
[Eva]

Franklin, o pai de Kevin, é um idiota. Não me conformei como alguém pôde ser tão cego o tempo todo, não querendo ver quem o filho realmente era até o último segundo. Gostaria que Eva largasse tudo por ele e pelos filhos e sempre se ressentiu dela por não fazê-lo. Sempre achei covarde se incomodar com alguma característica do outro, mas nunca fazer nada a respeito além de se ressentir e se "vingar" deste apenas fazendo-o sentir-se culpado.

"Pela minha experiência, sempre que deixadas a seu bel-prazer, as pessoas acabam fazendo das duas, uma: ou nada, ou nada de aproveitável."
[Eva]

Kevin é um gênio no sentido mais terrível da palavra. À parte psicopatia e qualquer problema psicológico que ele poderia ter e que não é abordado no livro, ele é aquele tipo de pessoa fácil de odiar, mas que jamais se importará com seu ódio, ele irá, na verdade, se divertir com isso e até alimentá-lo mais se estiver afim.



Precisamos Falar Sobre o Kevin é um livro que me fez refletir muito; me fez olhar para os lados e me perguntar: por que tudo isso, mesmo? É um livro para ser ler em um bom momento da sua vida, para você não ser muito sugado por ele.

Quanto ao filme, ele é tão denso quanto, mas aborda bem pouco quem o Kevin realmente é, se concentrando bem mais em Eva e no que ela passou e passa por conta dele. Eles se limitaram a passar cenas especificas do relato de Eva, para tentar mostrar de onde veio a tragédia - o que para mim acabou não mostrando. Mesmo assim, ele me abalou de forma diferente. Não recomendaria assistir no lugar de ler o livro, mas sim para fazer esse comparativo e complementar a experiência com a história.



E você? O que achou do livro e/ou do filme? Me conta aí nos comentários!! 


Trechos Favoritos

"Afinal, agora que os filhos não aram mais nossas terras nem nos dão guarida quando ficamos incontinentes, não há motivo sensato para tê-los."
[Eva]

"A obstinação pura e simples é mais durável que a coragem, embora não seja tão bonita."
[Eva]

"Quem está desesperado em geral, opta pelo alívio de curto prazo, em troca de prejuízos a perder de vista"
[Eva]

"Há uma liberação na apatia, uma liberdade selvagem, estonteante, com a qual é quase possível se embriagar. Você consegue fazer qualquer coisa. Pergunte ao Kevin."
[Eva]

"Kevin já começara a intuir que o apego o tornava vulnerável. Como qualquer coisa que ele pudesse querer também era algo que eu poderia negar, o menor desejo significava desvantagem."
[Eva sobre o Kevin de 6 anos]

"É sempre culpa da mãe, não é verdade? Que ela deixava o garoto solto na rua; que ela não ensinou a ele o que é certo e o que é errado. Ninguém nunca diz que o pai era um bêbado, ou que o pai nunca estava em casa quando o garoto voltava da escola. E ninguém jamais diz que alguns desses garotos não prestam e pronto."
[Loretta]


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