Resenha #72: A culpa é das estrelas | John Green

Autor: John Green,
Editora: Intrinseca 
Páginas: 288
Tradutora: Renata Pettengill
Skoob: 5/5


A tristeza não nos muda, Hazel. Ela nos revela. 
[Peter Van Houten, p. 259]


Hazel Grace tem 16 anos, gosta de ler, de poesias, de América's Next Top Model e já foi para a Disney. Ah! Ela também tem câncer, mas detesta que as pessoas a olhem com pena e a definam por sua doença que, infelizmente, todo mundo consegue ver: ela tem que carregar um cilindro de oxigênio para onde quer quer vá, pois o remédio que a mantém viva - experimental - enfraquece seus pulmões.


O diagnóstico veio três meses depois da minha primeira menstruação. Tipo: 'Parabéns! Você já é uma mulher! Agora morra'.
[Hazel, p. 29]


É Hazel que nos conta a sua história, mas não é a história sobre o câncer, ele também está lá já que, a contragosto, faz parte dela. Não, essa história é de como ela conheceu Augustos Waters e de como essa vida é mesmo incrível e, às vezes, uma verdadeira piada de mau gosto. Numa bela noite em que foi - forçada por sua mãe - ao Grupo de Apoio a Crianças com Câncer, ele está lá. Após algumas reflexões irônicas sobre a morte, os dois começam uma amizade que vai se desenvolvendo, apesar das sentenças  pairando em suas cabeças.


Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados.
[Hazel, p. 235]

A Culpa é das Estrelas é quase unânimidade por aí e eu também gostei! Hazel já passou por tantas coisas por conta da doença que ela em si - e a morte - se tornaram uma grande piada do Universo à que ela tenta sobreviver, sem machucar tanto seus pais no processo, querendo que eles tenham a própria vida e parem de viver só por ela. Apesar de ser um livro que aborda essa doença terrível - e sim você vai chorar! - o tom quase sempre irônico dos personagens - sem contar o senso de humor mórbido - deixa a leitura prazerosa sem ser piegas ou incrivelmente triste.

Os personagens são profundos, mas ao mesmo tempo imaturos como qualquer adolescente de 16 anos. Os pais de Hazel são incríveis, fazendo o papel normal de pais nessa situação, mas também ajudando a filha em suas questões emocionais e filosóficas. Augustus em particular consegue ser engraçado o tempo todo apesar e por conta dos pesares. É extremamente inteligente deixando muito ponto de interrogação na nossa cabeça! Algumas vezes, inclusive, tinha de reler o que ele falava para entender direito!


Estou em guerra contra o quê? Meu câncer. E o que é o meu câncer? Meu câncer sou eu. Os tumores são feitos de mim tanto quanto meu cérebro e meu coração são feitos de mim. É uma Guerra Civil, Hazel Grace!
[Augustus, p. 196]


Eu gostei do livro e recomendo, mas aviso uma coisa: provavelmente o final vai te decepcionar e te deixar com uma cara de "ué, jura que é isso?", mesmo assim vale a pena conhecer estes personagens e adquirir uma nova visão sobre o câncer e sobre parte do que passam seus pacientes.


As pessoas falam da coragem dos pacientes de câncer, e eu não a nego. Por vários anos fui cutucada, cortada e envenenada e segui em frente. Mas não se enganem: naquele momento eu teria ficado muito, muito feliz de morrer.
[Hazel, p. 101]






Comentários

Evy disse…
Ah, amiga!
Esse livro é lindinho demais, não é?
Só de ler a sua resenha e me lembrar da Hazel já fiquei com os olhos cheios d'água.

Bjs